Os Jovens e a Política
É ao nível da decisão política local que a participação cívica dos jovens é essencial, sendo responsabilidade dos poderes públicos estimular a criação de condições para a participação dos jovens na vida pública

Os jovens têm um papel fundamental na sociedade, em geral, e nos concelhos em particular. Assim, é urgente que os decisores políticos deixem de ver a juventude como leviana e aproveitem o potencial que caracteriza a juventude: a energia, as ideias desinstaladas, a esperança no futuro.
Os problemas que afetam os jovens são complexos e diversificados: o emprego, a educação e formação, a habitação, a ocupação de tempos livres e o ambiente são alguns exemplos. Aliás, hoje mais do que nunca, os jovens estão na base das preocupações sociais. Desta forma, a juventude, como tema transversal, necessita de resposta concretas que lhe garantem e ampliem os seus deveres e direitos sociais e, noutras vertentes, que garantam e consolidam a sua autonomia, imprescindível ao seu bem-estar ao longo da vida.
É ao nível da decisão política local que a participação cívica dos jovens é essencial, sendo responsabilidade dos poderes públicos estimular a criação de condições para a participação dos jovens na vida pública.
Neste sentido, é importante a criação de instrumentos que fortaleçam a participação juvenil na esfera da governação local – uma vez que é um espaço democrático – onde os jovens têm a possibilidade de influenciar a elaboração de melhores politicas, de apresentar as suas reivindicações aos poderes constituídos e desta forma serem eles também sujeitos ativos do processo político.
Alargar a participação democrática dos cidadãos em geral e dos jovens em particular, bem como formar os jovens e dar-lhes experiências na vida cívica e no envolvimento na gestão da causa pública, permitirá que se beneficie com o aumento da eficácia das decisões tomadas.
Quando em 1965 Adelino Amaro da Costa escreveu “a juventude tem um profundo desejo de ser autêntica” demonstrou ter compreendido o potencial do ativismo político dos jovens. Esta convicção de Amaro da Costa viria a ser reforçado pela sua célebre frase: “a juventude não é instalada”. Hoje em dia, os jovens continuam a ter esse mesmo potencial, apesar de estar generalizada a ideia de que os jovens estão “desligados” da política.
Assim, parte-se do desinteresse dos jovens pela política – o que é errado – para justificar a falta de instrumentos de participação cívica dos jovens. Os jovens não estão alienados da política, não se revêm é nos mecanismos de fazer política.